Um primeiro relatório desenvolvido pelo Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade (Ceclimar) da UFRGS aponta que a mortandade de mais de 500 pinguins na semana passada, no litoral norte gaúcho, deve ter ocorrido por causas naturais. Apesar de a hipótese ser a mais provável, os pesquisadores preferem manter a cautela, pois outros fatores não podem ser descartados.
— Os animais estavam bastante magros, com uma grande quantidade de parasitas no organismo. Isso pode ser associado à pouca alimentação e mais uma série de fatores inerentes à seleção natural — explica o professor do Departamento de Zoologia da UFRGS e membro do Ceclimar, Ignacio Moreno.
O processo de reprodução e desenvolvimento do pinguim-de-magalhães, que ocorre em colônias da Patagônia argentina, também pode ter influenciado nas mortes. Segundo Moreno, depois que os mais jovens entram no mar, nadam para o Norte. Se os pais desses animais mais novos não conseguem alimentá-los adequadamente, a propensão de não resistirem em casos extremos, como frio intenso, aumenta.
— Os pinguins estão acostumados a um certo padrão marinho. Com o El Niño e a mudança no regime de correntes marítimas, por exemplo, acabam gastando muita energia em busca de comida. Às vezes se perdem, não a encontram e morrem — diz o pesquisador.
Historicamente, o mês de julho registra a maior incidência dos animais no Litoral Norte, conforme mostram dados do setor de reabilitação do Ceclimar, conta o biólogo Maurício Tavares. É natural que os pinguins-de-magalhães cheguem à orla debilitados, feridos ou sujos de óleo.
Para monitorar a migração, o Centro iniciou um sistema de acompanhamento semanal do fenômeno nas praias gaúchas neste ano. Desde junho, já ocorreram cinco estudos em áreas pontuais. Além do último registro, de 512 pinguins mortos, nos outros quatro foram detectados 233 óbitos, ao todo.
A Faculdade de Veterinária da UFRGS recolheu 30 aves para avaliar as causas da mortandade e um laudo técnico deve ser concluído em 30 dias.
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